Deputado Afonso Motta exonera assessor alvo da PF por supostos desvios de emendas da saúde
18/02/2025
(Foto: Reprodução) PF identificou 'contrato de propina' que previa comissão de 6% para empresa que intermediava repasse de emendas a hospital no RS. Deputado é citado, mas não foi alvo da operação. O deputado Afonso Motta (PDT-RS) demitiu nesta terça-feira (18) o chefe de gabinete Lino Furtado – alvo de buscas na última semana em uma operação da Polícia Federal contra suposto pagamento de propina em emendas parlamentares na área de saúde.
A exoneração deve ser publicada no Diário Oficial ao longo do dia, mas o sistema da Câmara já considera a segunda (17) como o último dia de atividade de Furtado.
O g1 teve acesso ao documento protocolado por Motta – que determina, inclusive, a devolução de itens como crachá, cartão do veículo, chaves do gabinete e livros emprestados da Biblioteca da Câmara.
Documento de exoneração de Lino Furtado, ex-chefe de gabinete de Afonso Motta (PDT-RS)
Câmara dos Deputados/Reprodução
A operação, intitulada EmendaFest, investiga um esquema que teria direcionado verbas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul (RS), em troca de uma comissão de 6% sobre os valores repassados.
Segundo os investigadores, a empresa ACF Intermediações, de Cliver Fiegenbaum, atuava como intermediária para garantir o envio das emendas, repassando parte dos recursos aos envolvidos.
Motta é citado no inquérito, mas não foi alvo da operação – a PF ainda investiga se ele tinha conhecimento do suposto esquema. Nilo Furtado e outros suspeitos foram alvos de buscas.
PF investiga desvio de recursos de emendas parlamentares para um hospital do Rio Grande do Sul
O suposto esquema
A decisão assinada por Flávio Dino afirma que a representação da PF descreve o esquema criminoso "ao longo de mais de 100 páginas", incluindo prints de conversas e o tal "contrato da propina".
"[...] aponta a autoridade policial a existência de uma organização criminosa que direcionava emendas parlamentares e se apropriava de parte desses recursos públicos", diz o despacho.
Segundo a investigação, o grupo agia para destinar emendas parlamentares ao Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul (RS) – mas, em troca, cobrava um percentual dos valores repassados à instituição.
Conversas sobre esse repasse, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foram encontradas no celular do lobista Cliver Fiegenbaum.
A empresa dele, ACF Intermediações, foi contratada pelo hospital para viabilizar o envio dessas emendas. A comissão de 6%, segundo a PGR, constituiria uma vantagem indevida.
Segundo a PGR, há indícios na investigação de que:
as emendas foram efetivamente enviadas ao Hospital Ana Nery;
a unidade de saúde realizou pagamentos a uma empresa no nome de Cliver Fiegenbaum.