'Tive que efetuar quatro disparos para cessar a injusta agressão', disse policial militar que atirou e matou homem algemado no RS

  • 17/07/2025
(Foto: Reprodução)
PM que atirou e matou homem algemado no RS presta depoimento O policial militar (PM) que aparece em um vídeo dando dois tiros em um homem algemado e com as mãos para trás em Bom Jesus, na Região da Serra do Rio Grande do Sul, disse à Polícia Civil que atirou para se defender de um ataque com faca. O depoimento foi obtido pela repórter Adriana Irion, de GZH. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Em 4 de março deste ano, data em que a vítima, Geovane Matias Maciel, foi morta, o soldado Emerson Brião prestou depoimento a policiais civis. Gravado em vídeo, o relato durou dois minutos e 51 segundos (veja acima). Brião não mencionou o fato de Maciel, que tinha contra si um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça, ter sido imobilizado com algemas antes de ser atingido por dois de um total de quatro tiros. "Tentamos abordar, o motorista parou o carro. Quando o Giovane foi desembarcar, ele sacou uma faca e tentou avançar na guarnição, inclusive, me atingindo no colete com uma facada. Daí, tive que efetuar quatro disparos para cessar a injusta agressão. De imediato, a gente tentou acionar o Samu, mas não pega sinal no local, a gente colocou ele na viatura e levou até o hospital", contou Brião. Não houve mais questionamentos para detalhar a suposta reação e a necessidade de serem dados quatro tiros. Brião completou o relato falando da ficha policial de Maciel. O inquérito com a versão dos PMs sobre a morte de Maciel foi concluído em dois dias pela Polícia Civil como "morte decorrente de oposição à intervenção policial". Em junho, quando recebeu de forma anônima o vídeo que mostra Maciel sendo baleado duas vezes quando já estava algemado, um novo inquérito foi aberto pela polícia por suspeita de homicídio doloso. Outros dois tiros foram dados, conforme apuração da polícia, antes de a gravação começar a ser feita. O novo inquérito, que tramita na Delegacia de Vacaria, segue em andamento. O soldado Brião teve prisão preventiva decretada e foi preso em 10 de julho. Ele responde por homicídio e fraude processual. Segundo a polícia, são esperados resultados de provas técnicas, como a perícia no vídeo em que Maciel aparece sendo baleado para verificar se não houve adulteração das imagens. Na terça-feira (15), a polícia recebeu o resultado do exame de balística. Foi confirmado que os três projéteis retirados do corpo de Maciel (o quarto não foi encontrado) foram disparados pela mesma arma: a que estava em uso pelo soldado Brião. A corregedoria da Brigada Militar (BM) também apura o caso. O Inquérito Policial Militar segue em andamento. GZH entrou em contato com a defesa de Brião, que disse que, neste momento, não vai se manifestar. Policial militar atira e mata suspeito já imobilizado no RS Depoimento dos outros policiais Neste primeiro inquérito, outros três policiais militares, que estavam de folga e foram chamados para atuar na captura de Maciel, também foram ouvidos, além do motorista de aplicativo que transportava a vítima antes da abordagem policial. Todos fizeram relatos na mesma linha: confirmando que Maciel teria reagido contra os PMs e contando que ele teria dito que morreria ou mataria, mas que não ia se entregar para a polícia. No mesmo dia em que Maciel foi morto, além do soldado Brião, também foram ouvidos o sargento André Remonti e o motorista. Em uma gravação de quatro minutos e nove segundos, Remonti contou como foi a ocorrência: "Eu, pessoalmente, vi quando ele sacou uma arma da cintura, eu gritei 'arma' para orientar o colega. Nesse momento, ele conseguiu desferir um golpe de faca acertando o colete do colega, e o colega sacou da arma e conseguiu fazer alguns disparos para cessar a agressão", diz. A maior parte do relato de Remonti também foi sobre os antecedentes de Maciel, que tinha mandado de prisão contra si por suspeita de ter incendiado a casa da ex-companheira. Ele também teria ameaçado matá-la. A mulher já tinha medida protetiva. O motorista que transportava Maciel contou em vídeo: "Caí na abordagem, parei. Ele (Maciel) reagiu, tentou agredir o brigadiano com uma faca", afirmou. Questionado se tinha visto onde Maciel trazia a faca, o motorista disse não saber. Uma policial questionou se o foragido havia feito algum comentário durante o trajeto. "Eu vinha conversando com ele, perguntei por que não se entregava (o motorista conhecia Maciel e sabia que ele estava sendo procurado pela polícia). Ele disse que não se entregava nem que tivesse que matar um ou morrer", relatou o motorista. Dois dias depois, em 6 de março, outros dois PMs foram ouvidos pela Polícia Civil. Os depoimentos são semelhantes. "Geovane, inicialmente, ergueu as mãos e saiu do veículo. No entanto, quando o soldado Brião se aproximou para realizar a revista pessoal, Geovane sacou repentinamente um objeto da cintura. Geovane desferiu um golpe com a faca, atingindo o abdômen do soldado Brião, que não se feriu devido ao uso do colete balístico. Para cessar a injusta agressão, o soldado Brião efetuou disparos de arma de fogo contra Geovane", descreveu o soldado Jeremias Pezzi Paim, conforme o registro policial. O outro PM, soldado Bruno Moojen Souza Ramos, disse, também conforme registro policial: "O soldado Brião deu voz de abordagem, e Geovane, a princípio, colaborou, erguendo as mãos e saindo do carro. No entanto, quando o soldado Brião se aproximou para realizar a revista pessoal, Geovane, de forma inesperada e repentina, sacou um objeto da cintura. Geovane desferiu um golpe, atingindo o abdômen do Sd Brião, que não se feriu devido ao uso do colete balístico. Em resposta à agressão injusta, o soldado Brião efetuou disparos de arma de fogo contra Geovane", disse Ramos. Ao final dos depoimentos, os dois policiais ressaltaram "que todos os procedimentos adotados pela guarnição foram pautados pela estrita legalidade e pela necessidade de repelir a injusta agressão praticada por Geovane Matias Maciel, visando proteger a integridade física do soldado Brião e da própria guarnição". “Diante do exposto, reafirmo que todas as ações da guarnição foram estritamente legais e justificadas pela necessidade de repelir a agressão injusta de Geovane Matias Maciel, com o objetivo de proteger a integridade física do Sd Brião e de todos os membros da guarnição, incluindo a minha. Agimos em legítima defesa de terceiro e também em legítima defesa própria.” O inquérito foi concluído no mesmo dia destes dois últimos depoimentos e remetido à Justiça. Em nota, os advogados dos policiais defendem que "o vídeo não mostra todo o desdobrar nem o anterior fato, por isso que existem circunstâncias que são complexas e não se provam apenas com um recorte" (leia a nota, na íntegra, abaixo). O que havia contra Geovane Matias Maciel, segundo a Polícia Civil Mandado de Prisão Preventiva por violência contra sua ex-companheira, sendo suspeito de incendiar a casa dela dois dias antes de ser morto. O fogo consumiu totalmente a moradia da mulher e a de um vizinho. Apontado como autor de furto de uma motocicleta e a uma propriedade rural na véspera de sua morte. Enquando era adolescente, foi investigado por atos infracionais, incluindo ameaças, furtos e roubos, sendo o mais grave o latrocínio de um morador do Governador, 2º Distrito de Bom Jesus. O que dizem as defesas O que dizem Mauricio Adami Custódio e Ivandro Bitencourt Feijó, advogados dos PMs André Remonti, Jeremias Paim e Bruno Moojem Ramos: "As versões prestadas na Delegacia de polícia não foram idênticas. O formato de depoimento nessa fase de inquérito, quando ele é prestado em tomadas de perguntas em papel, diferenciando-se de áudio e vídeo acaba por receber por parte do redator do depoimento muitas frases análogas, facilitando o processo de tomada de depoimento. Substancialmente os depoimentos reproduzem uma pessoa violenta, armada e com histórico de crimes que chocaram Bom Jesus. Isso é fato. Qualquer pessoa que preste depoimento perante um Delegado de Polícia permanece em uma sala, separado dos demais depoentes. Não há condições nem muito menos possibilidade de acerto de versões. Os depoimentos são sintéticos de um fato complexo e que despendeu dias anteriores de intenso trabalho de captura. Na versão da delegacia, resumem-se os pontos necessários. Portanto, ninguém pediu nem foi combinada versão alguma. Sobre o uso das algemas, o vídeo é uma prova dentre as diversas que foram produzidas na investigação. Importante observarmos que os quatro policiais ocupam posições diferentes em ângulos diferentes. Bruno Moojen, estava de costas para o fato. Orientando a sinalização do trânsito, alheio a qualquer circunstância naquele momento. Não tinha condições de evitar nem sequer saber o conteúdo da decisão de tiro do colega Brião. Jeremias não finalizou a algemação, colhido de surpresa não conseguindo finalizar no momento, tanto que ele retira rapidamente suas mãos pelo movimento do corpo, não tendo a compreensão nem condição de responder pela ação naquele momento do seu colega. André, se encontrava mais afastado, com a atenção voltada para o interior do carro concomitante encoberta à visibilidade do momento da ação dos disparos. O vídeo não mostra todo o desdobrar nem o anterior fato, por isso que existem circunstâncias que são complexas e não se provam apenas com um recorte". O que diz Fábio Silveira, advogado do PM Emerson Brião: "No momento, não vamos nos manifestar". Investigação policial Segundo a Polícia Civil, Geovane era passageiro de um carro de aplicativo parado em uma blitz. Os policiais constataram que havia um mandado de prisão contra ele por suspeita de incendiar a casa da ex-companheira. Inicialmente, os PMs registraram que ele foi morto ao reagir com uma faca durante a abordagem. No entanto, no final de junho, o Ministério Público recebeu de forma anônima o vídeo que mostra Geovane já algemado quando é atingido por dois tiros. A necropsia apontou que ele foi ferido por quatro disparos, sendo dois antes do início da gravação. O delegado regional Carlos Alberto Defáveri afirmou que o vídeo levou à instauração de um novo inquérito policial que deve ser concluído até agosto. As armas dos policiais e os projéteis extraídos no exame de necropsia passarão por perícia. Policial militar atira e mata suspeito já imobilizado no RS Reprodução/ RBS TV VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/07/17/tive-que-efetuar-quatro-disparos-para-cessar-a-injusta-agressao-disse-policial-militar-que-atirou-e-matou-homem-algemado-no-rs.ghtml


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